sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Integração global é saída para Brasil e Mercosul

Livre circulação de mercadorias entre os países-membros. Esse era o principal objetivo do Mercosul quando Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram sua certidão de nascimento, o Tratado de Assunção, em 1991. No entanto, o cenário atual enfrentado pelos países que integram o bloco comercial é composto por entraves econômicos, políticos e cambiais. Tal situação diminui a atividade setorial econômica, impactando em todos os serviços da cadeia produtiva e industrial, o que reflete especificamente na logística e transporte internacional.
A ideia inicial sugeria que o livre comércio do bloco deveria simplificar a operação de transporte, gerando oportunidades na região, ampliando o campo de trabalho e dando mais perspectivas de crescimento e desenvolvimento para as empresas de logística. Porém, os controles nos diferentes setores das economias dos países-membros com a finalidade de protegê-las do próprio bloco é uma situação que contradiz a origem desta criação.
A verdade é que antes da vigência total do livre comércio haveria um período inicial de ajuste, durante o qual existiria uma redução gradual de tarifas alfandegárias, que permitiria uma adaptação competitiva. Esta etapa deveria ter-se encerrado em 1995, mas foi prorrogada por vias indiretas, já que começou a surgir na Argentina pressão contra a entrada em massa de produtos brasileiros. E esse protecionismo, que vai totalmente contra o objetivo traçado ao se criar o bloco, perdura até hoje – de maneira mais agressiva, inclusive. O que impacta diretamente nos volumes comercializados e, claro, não é um bom negócio para o setor de logística e transporte.
Outro importante desafio a ser superado está nos controles alfandegários, hoje um dos maiores – se não o maior – empecilho à produtividade das transportadoras atuantes na região. A demora nas autorizações de importação LI (Licença de Importação) e Djai (Declaração Jurada Antecipada de Importação) têm afetado diretamente o custo de operação.
O tempo padrão de transporte, que era de sete dias para efetuar uma operação, está levando agora 14 dias. Ou seja, a unidade que antes fazia duas viagens completas no mês agora faz apenas uma. Nesse mercado, em que a eficiência é um diferencial, o timing é um fator de impacto imediato. O cliente exige uma operação absolutamente controlada e monitorada por todo o trajeto.
Outro obstáculo enfrentado diz respeito ao momento em que as cargas chegam aos portos, que se encontram em situações precárias devido à falta de investimento, situação vista em toda a região. É importante ressaltar que para que um acordo de livre comércio funcione, além das questões econômicas, políticas e cambiais, é preciso haver infraestrutura para que a carga chegue ao seu destino em tempo hábil e em perfeitas condições. E para isso, é necessário que cada país invista no seu território.
Em linhas gerais, a saída para que o Mercosul cumpra seu papel é superar as diferenças comerciais e também políticas, visto que os próprios governos geram travas gradativamente. A concepção original do bloco é servir de solução para potenciar a região, fortalecer o comércio entre os países-membros e defender nosso produto para ascender a outros mercados.
O Mercosul, em seu atual modelo, é útil para o País mas não nos basta. É necessário estarmos atentos à reorganização das forças produtivas que está acontecendo pelo mundo. Sem novos acordos comerciais, o Brasil corre o risco de ficar de fora das chamadas cadeias produtivas internacionais. E tal situação, definitivamente, não é totalmente inadequada. Agora, além de resolver os problemas que já existem, está mais que na hora de pensar na integração da indústria nacional às cadeias produtivas globais.
(Walter Soto, diretor da Coopercarga para Mercosul)
Notícia enviada pelo Observatório da Fronteira e veiculada no site do Diário da Manhã:

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